PENA VERDE - Um território mágico
Pena Verde é uma terra onde nos sentimos bem, muito bem. Um conjunto de povos — Mosteiro, Moreira, Feitais, Prado e Urgueira — organizam-se em torno da Vila e formam um território único.
A extraordinária história deste território fez-se de momentos marcantes. Um destes foi o período romano, há cerca de 2000 anos, cujos vestígios podemos encontrá-los nos Moradios e na própria vila. Prova inequívoca deste passado é, igualmente, o povoado de S. Pedro. Trata-se de um magnífico sítio, do séc. X-XII, com um possante reduto defensivo, na base do qual se espraiam as casas do povoado, a igreja e o cemitério. Verdadeiramente impressionate é a quantidade de lagares de vinho escavados na rocha que vêm demonstrar a importância da atividade agrícola ao longo da Idade Média.
Igualmente deste período são as sepulturas escavadas na rocha que atestam a profunda religiosidade destas comunidades, que no séc. XI acolheram um mosteiro beneditino, hoje desaparecido, que deu origem à localidade de Mosteiro.
EDÍCULA ROMANA DE SOUTINHO
Peça de uma particular originalidade que atesta a importância de Pena Verde durante a época romana.
Trata-se de uma edícula (altar) do séc. II, achada no sítio do Soutinho, que estaria primitivamente embutida numa parede, representando um lararium, espaço dentro da casa onde os romanos adoravam os deuses lares, protetores da casa e da família, daí a palavra “lar”. Numa das árulas do seu interior podemos ler “ao Génio de Cornélio”, o deus individual que o protegia a si e à sua família. Quanto à âncora da árula direita deverá simbolizar uma divindade, talvez a Providência, como virtude deificada de cariz tutelar.
O CONCELHO DE PENA VERDE
Pena Verde recebeu carta de foral de D. Sancho II, entre 1240-1248. Em 1278, D. Dinis segue a estratégia do anterior monarca e confirma o foral.
A partir de então, o concelho definiu-se como uma importante unidade administrativa para a coesão territorial e a ele surge associado um conjunto de edifícios que o definem, tais como, a casa da Câmara e a cadeia da Vila que, normalmente, partilham o mesmo espaço físico, e o pelourinho, símbolo da municipalidade portuguesa, uma marca do Rei no território.
Pergaminho. Suporte de escrita em papel de animal, normalmente de ovelha ou cabra.
SEPULTURAS ESCAVADAS NA ROCHA
As sepulturas abertas na rocha estão associadas, na cultura popular, “ao tempo dos mouros”.
De facto, entre os séc. VIII e o XIII, uma parte da população usava este tipo de sepulcros apesar de estas começarem a ser construídas a partir do século VI. Geralmente, podem ser encontradas um pouco por toda a paisagem, isoladas ou agrupadas ou em torno de uma igreja.
O corpo era depositado com o ventre voltado para cima, diretamente na sepultura, sem caixão, amortalhado no sudário, um pano geralmente de linho, não levando consigo qualquer bem.
O túmulo era depois encerrado com uma tampa monolítica ou por várias lajes. Uma das principais características destas sepulturas é o seu anonimato exterior.
Apesar disso, as famílias conheciam muito bem os locais de enterramento dos seus elementos.
As sepulturas podiam ter um contorno ovalado, ou uma arquitetura mais complexa como a definição do contorno da cabeça e dos pés.
LAGARES ESCAVADOS NA ROCHA
Os lagares escavados na rocha concebidos para fazer vinho, marcam a paisagem de Pena Verde remetendo-nos para um tempo em que a vinha tinha um importante papel na economia deste território em torno do séc. X.
Aqui predominam os lagares quadrangulares com uma pia de pisa quadrangular à qual se associa um par de buracos de poste.
Os lagares circulares apresentam uma pia circular e a sua constante associação a lagares retangulares sugere que ambos representariam fases diferentes na extração do mosto.